A favor da etnografia

Mariza Peirano (Doctora en antropología por la Universidad de Harvard y profesora titular en la Universidad de Brasilia)

Muitas vezes, a ciência social toma o caráter de duplicação ou repetição ao longo do tempo. Isto foi o que notou Michael Fischer, ao procurar explicitar para um público brasileiro a gênese da antropologia interpretativa nos Estados Unidos (Fischer, l985). Há, com freqüência, um retorno a uma era anterior em busca de textos inspiradores mas, como a história não é circular, mas espiralada, «a duplicação ou repetição nunca é exatamente isso, pois há sempre uma nova faceta ou uma nova solução» (:60). Assim, ilustrava Fischer, a trajetória intelectual de Clifford Geertz parece quase como uma cristalização típica ideal de certos processos dos quais os anos 60 surgem como se fossem uma reprise dos anos 20 — este foi o período de amadurecimento da chamada «geração de l905» (entre os quais estavam Robert Musil, Ludwig Wittgenstein, Walter Benjamin e os surrealistas), uma geração de ensaistas que, em oposição aos grandiosos sistemas de explicação do século XIX, propunham que era possível apenas atingir insights fragmentários da realidade.
Nesta perspectiva, os escritos de Geertz sobre o fazer etnográfico, tão em evidência até recentemente, ecoam preocupações do início do século mas, em outro sentido, chamam a atenção, como novidade dentro da antropologia, sobre o modo como são construídos os textos etnográficos. Eles trazem, portanto, uma nova faceta substantiva para os velhos problemas de verstehen, ao dar atenção tanto aos textos criados pelos antropólogos quanto aos processos culturais que são neles descritos.

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